Choco.
http://www.youtube.com/watch?v=eraOhezY23s
Sabe aqueles domingos nos quais o céu toma uma cor meio violácea, e o vento tem cheirinho de flor? Aquele domingo com gostinho de torta de chocolate ainda quente, suco de morango, bala de abacaxi. Aquele domingo com cara de filme da sessão da tarde. Meus domingos não têm sido assim, não que isso seja tão ruim, porque eu sei que eles estão por vir. Talvez todo esse estresse e gosto de sal tenham lá sua importância, nem que seja para que eu valorize meus domingos tranquilos pós- Enem.
Aliás, todos os meus projetos têm vindo com o tal “quando o Enem passar eu vou…”, espero que passe logo, espero que eu me saia melhor do que eu tenho me saído com algumas outras situações paralelas ao vestibular, espero de verdade. Espero que eu não me engane em relação aos meus pressentimentos como tem acontecido ultimamente. Eu mereço esse sonho realizado.
Eu não sou tão triste assim…
… é que eu estou cansada.
“Ainda bem que sempre existe outro dia.
E outros sonhos.
E outros risos.
E outras pessoas.
E outras coisas.”
– Clarice Lispector –
Tentar ser perfeita e aparentemente forte cansa, frustra. Expectativa demais me tira o fôlego. Colo, só isso, um bom colo.
Tem arrepio que não é de medo…
… nem de frio.
Não, eu não quero estagnação. Eu não quero amar muito, não quero ficar parada. Não desejo nem um pouco ficar encolhida no sofá, enrolada em um edredom e vendo um filme que me dê esperanças de um amor perfeitinho. Eu nem quero um amor assim. Eu não quero frases meiguinhas, carinhos vazios, olhos neutros. Eu não quero ser a menininha.
Talvez em algum momento até venha a calhar… Mas antes o que eu mais quero é o movimento. Eu quero amar pra cacete mesmo, até cansar. Não quero edredom, não quero cobertas nem nada, exatamente nada. Só vesti-lo. Quero um amor com velocidade, que me tire o fôlego, que me deixe curiosa e com vontade de que quero mais. Quero poucas palavras. Aliás, as troco por sussurros . Apertões sim, e quem sabe até algumas mordidas; e olhos fechados, não quero nada passível de ser visto, mas sim de ser sentido ao máximo. Arrepios o tempo todo. E aí quem sabe sossegar, me enrolar no edredom e olhar a imensidão verde até me perder… Ser mulher, enfim.
Maluca beleza.
“Eu do meu lado
Aprendendo a ser louco
Maluco total
Na loucura real…
Controlando
A minha maluquez
Misturada
Com minha lucidez.”
Que ano de tirar o fôlego tem sido esse. Insuportável e incrível ao mesmo tempo. Tenho chegado ao meu limite em todos os quesitos que se pode imaginar, tenho me vencido dia após dia, matando uns cinco ou seis leões por dia. Espero que nessa mesma época do ano que vem eu já esteja fazendo o que eu faço de melhor e que todo esse surto psicótico e emocional tenha servido de alguma coisa. Talvez eu precise de um pouco menos do ego alheio, ou um pouco menos da preocupação ilusória, um pouco mais de tempo de alguém que queira realmente ouvir. Eu devo ser meio maluca sim, ou completamente, quem sabe até um pouco hipocondríaca, mas quem liga? Ninguém é completamente normal. Talvez a maluquice seja mesmo uma boa forma de levar as coisas.
Shine on!
Doce Novembro?
Eu me peguei inspirado ultimamente. Aparentemente sem motivo, parecia combustão espontânea. Mas obviamente tinha razão de ser. Inconscientemente eu descobri que ainda temos muitas etapas a percorrer no longo caminho que é nossa relação. Toda a questão física adiada: eu não lembro do seu cheiro, embora ele tenha me agradado no fim do ano. Eu também não sei exatamente que parte do meu antebraço encaixa na sua cintura na hora que eu te abraço, tenho uma vaga lembrança do abraço de despedida que demos. Não sei exatamente como é quando a parte de baixo da palma da minha mão (aquela parte mais fofinha e gordinha no meio da mão) encaixa naquele transição entre o final da sua coxa e o início do bumbum, realizando um carinho indiscreto e prazeroso. Eu não conheço seu beijo, nem o gosto dele. Ainda não sei se prefiro morder o lábio superior ou inferior da sua boca (tenho forte palpite que é o de baixo). Ainda não sei qual a sensação dos meus dedos percorrendo sua nuca e adentrando seus cabelos. É muita coisa para descobrir, muitas possibilidades, dúvidas cruéis por serem tentadores, mas cujos múltiplos caminhos são apenas certezas de felicidade. Poderia passar horas escrevendo sobre cada detalhe que ainda não temos, mas creio que tornaria o texto longo demais e um tanto quanto impróprio.
“Que cada dia a mais é um a menos pro encontro acontecer
E eu fico sozinho, esperando por você, meu bem-querer
Pois eu, eu só penso em você
Já não sei mais porque
Em ti eu consigo encontrar
Um caminho, um motivo, um lugar
Pra eu poder repousar meu amor”
Tudo a ser descoberto que não escrevi aqui, vou falar ao pé do seu ouvido, silenciosamente, no maior grito do mundo, proferido pelo meu coração, tão alto que só nós dois poderemos escutar. Sintonia, sincronia. Amor.
My hometown glory.
Boa parte da minha vida foi marcada por um movimento pendular com uma amplitude considerável. Eram de quatro horas em média dentro de um carro diariamente, um estresse semanal e muitas caras feias aturadas. No entanto, ultimamente eu tenho tido a impressão de que na época em que eu morava “no fim do mundo” eu era mais feliz. Não que eu não seja feliz agora, mas era diferente. Era o meu lugar, era onde eu conhecia todos na rua, no shopping, na missa. Era onde eu sabia o nome do padeiro e do cachorro da vizinha, era onde eu tinha vários avós, vários tios, vários primos. Era onde eu tinha várias casas. Era onde eu tinha um terraço só para mim, no qual eu deitava no chão frio e ficava horas olhando o desenho das telhas na madeira que caiam perfeitamente desenhando o estilo colonial. Ah, o cheiro da madeira… Quando chovia esse era o melhor cheiro do mundo. Em Bangu não havia grandes restaurantes, nem grandes shoppings, e nem todas as ruas eram asfaltadas… Exatamente! Muitos paralelepípedos deixaram marcas deliciosas nos meus joelhos, e na minha testa eu tenho até hoje a marca da ardósia quente do chão. Me parece que por lá o conceito de família era algo trabalhado todos os dias, durante o chá da tarde de quinta-feira ou o almoço de domingo. Não é o bairro mais bonito do Rio de Janeiro, e não vou ser hipócrita de dizer que é o melhor, mas é meu lar, meu berço, é onde eu me sinto completa. É onde se vai à padaria com cinco reais e a barriguinha volta repleta de creme de confeiteiro e guaraná. Bangu é minha terra natal, é linda, e para sempre vai ser. Foi lá que eu dei meu primeiro beijo, que eu gostei do primeiro carinha, que eu fiz meus primeiros amigos. Lá eu não sou a vestibulanda, ou a nerd. Lá eu só atendo pelo chamamento “Paulinha”, filha da Dil e do gigante, irmã da mari… É, a Paulinha, aquela que caiu da rede, que passava horas à fio andando de bicicleta, que estourou o joelho duas vezes seguidas em menos de dez minutos no mesmo buraco, a que amava soltar pipa, a que era craque em pular corda. É, Bangu me ensinou a ser feliz..
Há um vilarejo ali…
Waiting on the world to change…
– Waiting on the world to change, John Mayer-
Ser irmã mais velha é ser mãe também, é cuidar muito, é se preocupar muito e brigar mais do que tudo. Eu lutaria uma guerra sozinha, só com uma flor na mão, pela minha Mari. Ela mudou pra melhor minha forma de ver o mundo e despertou em mim um amor que eu não sabia que existia. Mas o objetivo desse texto não é a melação de falar do amor pela minha irmã e tudo mais. Eu quero falar mesmo da minha indignação e do meu sentimento materno que hoje falou mais alto. Andar pelas ruas do Rio significa ter que lidar com todo tipo de informação visual, tanto as lindas e muitíssimo agradáveis, quanto as imundas e dignas de pena. Dentro dessa segunda categoria se inserem os moradores de rua, e sim, eu tenho pena deles. Mas hoje a cena que eu vi foi diferente e me tocou de forma diferente também. Ver uma mãe sentada no chão da rua com um filho no colo pedindo dinheiro na porta de uma pizzaria na qual entravam outros pais pra alimentarem seus filhos me fez pensar “que porra de país é esse?”.Cadê a pátria mãe que de gentil não tem tido nada? Cadê toda a magia da terra roxa para dar de comer para essas crianças que são o futuro desse país? Acho clichê colocar a culpa de tudo no governo, e é justamente por isso que eu gostaria muito de entender o que acontece. Eu olhei nos olhos daquela criança, olhei mesmo, fundo, encarei aquele rostinho. E pior do que enxergar ali uma expressão de dor foi não enxergar nada, não havia nada ali. Ninguém percebe o que está acontecendo. Eu sempre dei muito valor ao sonho, acho que junto com o amor eles formam o sentido da nossa vida. E é aí que eu me pergunto: será que essa criança tem sonhos? Será que ela sabe que ela tem esse direito? Eu quis poder pegá-la no colo e garantir que ela teria um futuro lindo, eu quis poder fazer um carinho nela, eu quis e muito poder lembrar que ela tinha o direito de sorrir. Naquele instante eu quis poder mudar o mundo por ela.